quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A HISTÓRIA DO GORDINI

Renault Dauphine 1960

A história do Gordini tem início com o seu precursor Renault Dauphine, lançado pela Willys Overland do Brasil em outubro de 1959. O Gordini foi lançado em julho de 1962. Era idêntico ao Dauphine, porém com um novo motor mais potente de 40 cv e o câmbio passava a ter quatro marchas (o dauphine tinha apenas três marchas). O objetivo, portanto, não era obter menor consumo ou ruído em uso rodoviário com uma quarta longa, mas sim, melhorar o aproveitamento da potência com o menor intervalo entre as relações de marcha.

Renault Gordini 1964

De fato, o Gordini era mais ágil: acelerava de 0 a 100 km/h em cerca de 28 segundos e alcançava mais de 120 km/h, com o que deixava facilmente o Volkswagen 1.200 para trás. Era também mais silencioso que o Volkswagen, para o que concorria a refrigeração a água, e permanecia econômico. O nome GORDINI foi em homenagem ao seu criador, Amadeo Gordini, famoso projetista de carros de competição; homem cujo nome sempre esteve associado aos carros da Renault. Fez monopostos com sua mecânica e com eles competiu em provas famosas de cunho nacional e internacional.

O Gordini na realidade era uma versão de luxo do Dauphine, com frisos, calotas e mais cromados. Em 1964 chegava a versão esportiva, chamada como na Europa de 1093. O motor, de mesma cilindrada dos demais, adotava taxa de compressão de 9,1:1 em vez de 7,7:1 (o que exigia a gasolina de alta octanagem da época, a "azul"), carburador de corpo duplo progressivo a vácuo de 32 mm, novo comando de válvulas e um escapamento menos restritivo. A potência subia para 42 cv a 5.800 rpm. A quarta e última marcha vinha mais curta, passando de 1,03:1 para 1,07:1.

Além disso, a suspensão traseira era rebaixada para proporcionar cambagem menos positiva, com ganho em estabilidade, e os pneus eram Pirelli em medida métrica, uma tradição francesa: 145-380, em que o aro de 380 mm correspondia a pouco menos de 15 pol. O grande charme do 1093 era o conta-giros mecânico marca Jaeger, francês, instalado no lugar do pequeno porta-luvas na extremidade esquerda do painel do Gordini. Àquele tempo conta-giros era um instrumento raro.

Uma versão simplificada chegava também em 1964, para atender ao programa do carro econômico lançado pelo governo. O objetivo era contornar a recessão da economia, desde o início do governo militar, com redução de preços e um financiamento de quatro anos pela Caixa Econômica Federal a juros baixos. Surgiram então versões despojadas ao extremo do Volkswagem (chamada Pé-de-Boi), da perua DKW-Vemag Vemaguet (Caiçara), do sedan DKW-Vemag quatro portas (Praçinha), Simca Chambord (Profissional) e do Gordini, que foi batizada de Teimoso. O nome tinha suas razões.

Em uma prova de resistência de 22 dias e mais de 50 mil quilômetros no autódromo de Interlagos, em São Paulo, o carro deveria rodar de forma ininterrupta, dia e noite, pilotado por pilotos da marca em regime de revezamento. Em dado momento, porém, capotou, mas sem danos mecânicos. A Willys decidiu então reparar de maneira precária a carroceria e voltar a rodar, com o que a meta foi atingida. Ficou aí o nome de Teimoso, do carrinho que "teimou" em terminar a prova, mesmo avariado. A versão popular perdia itens de conforto, como revestimentos, iluminação interna, tampa do porta-luvas, marcadores de temperatura e combustível e afogador automático do carburador; e de acabamento, a exemplo das calotas e do acabamento cromado dos pára-choques, vidros e aros dos faróis.

Nem equipamentos de segurança escaparam: não tinha retrovisor externo, limpador de pára-brisa do lado direito, lanternas traseiras (apenas a luz de placa com uma seção em vermelho, que supria as luzes de posição e de freio), luzes de direção ou trava de direção. Os pára-choques vinham pintados de cinza e não tinham os reforços das demais versões. Em 1966 foi lançado o GORDINI II, mais potente e econômico. A tampa do tanque de combustível que era dentro do cofre do motor, passou a ser externa, logo atrás do vidro traseiro, do lado direito.

Em 1967 chegava o GORDINI III, com várias inovações, motor novo, freios a disco nas rodas dianteiras e novo acabamento. Para 1968 chegava o GORDINI IV, apenas com novas cores. Em março desse ano ele deixava de ser fabricado, encerrando um total de 74.620 unidades entre as várias versões (23.887 do Dauphine, 41.045 do Gordini, 8.967 do Teimoso e apenas 721 do 1093). O Gordini ainda hoje é um carrinho muito querido e cobiçado pelos colecionadores de automóveis antigos. No Brasil ainda podemos encontrar rodando muitas unidades deste veículo. Em Fortaleza temos apenas dois exemplares: um Gordini 1964 e outro, 1967 (Gordini III).

 Gordini é uma divisão da Renault Sport Technologies (Renault Sport). No passado ela foi uma fabricante e preparadora de carros esportivos, fundada em 1946 por Amédée Gordini, apelidado de "Le Sorcier" ("O bruxo"). A Gordini tornou-se uma divisão da Renault em 1968, e da Renault Sport em 1976. Em 01 de janeiro de 1976, René Vuaillat tornou-se diretor de Gordini.

Amédée Gordini


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